Sem olhar a históricos, Bairro da Conceição e Alvorada entraram em campo relegados ao estatuto atual de cada uma das equipas. Os homens de Ervidel assumiram as despesas do jogo, sem medo de se instalarem no meio campo adversário. Os de Beja adotaram um papel submisso, sem vergonha de tentar o futebol direto quando conseguiam afastar a bola para longe da sua baliza.
Perante este cenário, o futebol rendilhado e de posse do Alvorada de Ervidel precisou de pouco mais de cinco minutos até criar a primeira grande oportunidade de golo, desperdiçada por Bruno Álvaro, que de cabeça atirou a rasar o poste, após assistência de Zé Soares.
Aos 21 minutos Carlos Estebainha abriu uma brecha no meio campo adversário e com um passe a rasgar a defensiva Bejense isolou Zé Soares pela direita do seu ataque que de imediato colocou a bola no coração da área, onde surgiu Bruno Álvaro que antecipando-se ao seu marcador fez um golo pleno de oportunidade, abrindo caminho ao triunfo dos comandados de Paulo Capela.
Mexeu o
placard, mas não se alterou o figurino do jogo. O Bairro não mostrava argumentos para importunar a defensiva do Alvorada, tentou alguns lançamentos em profundidade mas nem sequer incomodou o guarda redes Tiago Brito.
Porém... como a equipa da casa não conseguia entrar no jogo, o árbitro Pedro Crujo tratou de lhes mostrar o caminho ao assinalar erradamente uma grande penalidade a castigar uma pretensa infração de Miguel Martins sobre um adversário, quando este apenas jogou a bola sem sequer tocar na perna do avançado contrário. Estavam jogados 26 minutos e o Bairro sem saber como chegava ao empate a uma bola.
O Alvorada nunca se deixou abater, apesar das contrariedades, e voltou à carga com duas perdidas incríveis, primeiro por Bruno Álvaro que sozinho remata por cima (30 minuto) e depois por João Cecília que na sequência de um livre lateral cabeceia ao lado da baliza (31 minutos).
Apesar do empate registado, a equipa de Ervidel continuava a ter o controlo do jogo e os seus jogadores sentiram que o domínio era pouco produtivo, era necessário mais para mexer com o marcador e dar expressão à supremacia demonstrada.
O meio campo do Alvorada continuava a
dar cartas, sob a batuta de Miguel Martins, Rafael Nogueira e Carlos Estebainha e aos 35 minutos Estebainha num excelente passe de rutura isola Nogueira, que na meia esquerda remata cruzado sem hipóteses para o guardião adversário. Estava devolvida a verdade ao jogo e o Alvorada de Ervidel passava para a frente do marcador.
À passagem do minuto 44 Miguel Martins recebe uma bola dentro da área de grande penalidade do Bairro e quando se tenta virar para a baliza é pontapeado nas pernas por um defesa. O árbitro sem dúvidas (ninguém as teve) aponta para a marca dos 11 metros. Chamado a marcar Rafael Nogueira não se intimida e alcança o bis na partida e coloca-a num justo 1-3, resultado ao intervalo.
Na segunda parte a toada do jogo não se alterou, apesar da equipa do Bairro da Conceição aparecer mais ousada e a obrigar Tiago Brito a duas intervenções mais exigentes, primeiro aos 53 minutos a defender um livre direto frontal e depois aos 65 a desviar um remate já dentro da área.
Como os 11 jogadores do Bairro da Conceição não conseguiam reduzir o marcador,
entraram em campo o 12º e o 13º, árbitro e árbitro assistente do lado do peão, respetivamente, mas... vamos por partes !
Aos 67 minutos, a bola vinda de um cruzamento ao primeiro poste ressalta num jogador do Bairro, vai embater no pé de António Alexandre e ressalta novamente, vindo-lhe a embater na mão que estava numa posição natural junto ao tronco. O árbitro sem qualquer dúvida (não podia ter) assinala erradamente outro penalty contra o Alvorada... porém... o melhor ainda estava para vir.
Miguel Góis, capitão do Bairro, foi designado para bater a penalidade, o guarda redes saltitava em cima da linha de golo, remate ao centro da baliza e Tiago Brito a defender com a perna direita. O árbitro assistente levanta a bandeira e dá informação ao árbitro que o penalty devia ser repetido, apesar dos protestos dos jogadores do Alvorada, Pedro Crujo confia na decisão do assistente e ordena a repetição da grande penalidade.
1ª repetição - Miguel Góis remata novamente ao centro da baliza e novamente Tiago Brito, em cima da linha de golo, defende com a perna direita. Para espanto geral, o assistente volta a levantar a bandeira e a indicar a repetição do penalty. Mais protestos e mais uma repetição.
2ª repetição - Miguel Góis remata para o lado esquerdo e Tiago Brito, em cima da linha de golo, com uma defesa fantástica afasta a bola para canto. Novamente o árbitro assistente levanta a bandeira e informa o árbitro que se devia repetir o penalty pela 3ª vez, isto perante um público incrédulo (de Beja incluído) com aquilo que estava a acontecer, um misto de raiva e de comédia. Mas felizmente imperou o bom censo e Pedro Crujo apesar da sinalética do seu assistente ignorou-a e ordenou a marcação de um pontapé de canto.
Com diz o ditado, «
o que não nos mata torna-nos mais fortes», e os jogadores do Alvorada ao verem o seu guarda redes em lágrimas voltaram ao jogo e carregaram sobre a defesa do Bairro, agora ainda com mais raça e determinação e aos 77 minutos Zé Miguel, acabado de entrar, atira ao poste e passados cinco minutos fixa o resultado em 1-4 com o pé direito, após canto batido por Carlos Estebainha.
Vitória saborosa do Alvorada de Ervidel, que assim se mantém invicto na série A do campeonato distrital da 2ª divisão.
Em circunstâncias normais seria óbvio eleger como homem do jogo, Rafael Nogueira pelo que jogou, pelo que fez jogar e pelos dois golos apontados, mas este não foi um jogo normal e como tal a fotografia maior vai para Tiago Brito pelos três penalty´s defendidos naquele que foi o momento do jogo.
Em nota de rodapé: o árbitro assistente chama-se Rafael Serrano e parece que é estagiário e está com sede de protagonismo.
