Paulo Alexandre Camacho Chaveiro tem 33 anos, é radiologista, natural e residente em Ervidel e é há um ano o presidente da direção do Alvorada Futebol Clube de Ervidel.
Senhor presidente, é inevitável não começarmos esta entrevista a falarmos sobre a equipa de futebol sénior. Quais são os reais objetivos da equipa para a presente época?
Os objectivos no início da época,
passavam por construir uma equipa de futebol, que pudesse respeitar e honrar
toda a historia do Alvorada Futebol Clube de Ervidel. Como em ocasiões
anteriores referi, resolvemos fazer regressar o clube ao 2º escalão do futebol
distrital. Não menosprezando o campeonato da Inatel, mas achámos que o futebol
distrital seria mais justo para o clube e para a própria localidade de Ervidel.
Ao longo da época, os nossos
objectivos tem vindo a ser redefinidos, mediante os resultados da equipa, e a
nossa ambição tem vindo a crescer, mas temos mantido os pés bem assentes no
chão e sempre com as nossas limitações em mente. Nesta fase em que nos
encontramos, tudo pode acontecer. Já vimos que temos condições para lutar de
igual para igual com as restantes equipas, mas como é óbvio, respeitamos todos
os adversários de igual forma.
De alguma forma está surpreendido com o bom desempenho alcançado
até ao momento?
Completamente… Fui o primeiro a
dizer, que tinha receio de jogadores tão novos, irem disputar o campeonato da
2ª divisão (embora alguns já tivessem disputado campeonatos de escalões
superiores), isto porque iriam encontrar jogadores com muita experiência no
mundo do futebol. Temos jogadores muito novos, mas… ao longo destes meses, esses mesmos jogadores
tem demonstrado que estava redondamente errado na minha primeira análise. Não
precisei muito para o constatar. Logo no início, mais propriamente no torneio
de Monchique, a equipa deu uma demonstração do seu real valor. A partir daí,
mudei de opinião e reconheci o quanto errado estava, e está a vista de todos, o
valor destes jovens jogadores. São jogadores que na sua maioria não os
conhecia, e ai tenho de dar os parabéns ao Mister Paulo Capela, pela escolha de
muitos dos jogadores que convenceu a virem jogar para Ervidel.
Estava nas vossas cogitações a disputa da 2ª fase do campeonato?
Os nossos objectivos seriam
sempre fazer um campeonato tranquilo, digno mas sempre com a ambição dos lugares
cimeiros. Se este momento estava em nossa mente? De certa forma estaria, embora
soubéssemos que seria muito difícil de alcançar. Mas felizmente, e com o
esforço de todos, temos conseguido atingir os objectivos. Fica só um sabor
amargo, se assim o pudermos apelidar, do jogo da taça distrital, em que
sentimos que poderíamos ter seguido em frente.
Ninguém se iluda, que foi fácil,
que foi um passeio durante a 1ª fase do campeonato. Muito pelo contrário.
Defrontamos equipas com muito valor, umas mais jovens, outras com jogadores
mais experientes, mas foi difícil chegarmos onde chegamos.
Nota-se que o plantel é muito jovem, será este grupo de atletas uma
aposta para o futuro?
Sinceramente penso que sim. Estes
jovens deveriam jogar juntos por muitos anos. Formam um grupo fortíssimo, muito
unidos e nos momentos em que têm de dar uma resposta, lá estão eles, unidos e a
remar todos no mesmo sentido. Embora muitos jovens, demonstram uma maturidade
enorme. Este grupo, com mais uns ajustes, tem condições para deixar marca no
futebol distrital.
Gostaria de deixar aqui, o meu
reconhecimento e agradecimento, a todos os atletas que ainda constituem o
plantel, e mesmo aqueles que já não fazem parte dele, por todo o esforço e
dedicação que têm dado ao clube e honrado o bom nome do Alvorada Futebol Clube.
Muito obrigado a todos…
Sendo a maioria dos jogadores oriundos de Aljustrel não teme que
alguns regressem ao Mineiro Aljustrelense na próxima época, caso esta equipa
volte aos campeonatos distritais?
Não posso mentir e dizer, que não
se tenha receio desse cenário, se vier a tornar uma realidade. Mas, primeiro
que tudo, espero que o Mineiro Aljustrelense se mantenha no escalão em que está
inserido e se possível para a próxima época dar o salto para uma divisão
superior. Quer se queira, quer não, o Mineiro Aljustrelense, neste momento é o
clube com maior progressão a nível distrital, e com um historial muito rico a
nível de conquistas, e qualquer jogador quer o melhor para si. Neste momento é
o melhor clube a nível distrital.
O Alvorada Futebol Clube de
Ervidel, por seu turno, tem como base a humildade e o querer, como sempre teve,
de ambicionar um futuro melhor, dar aos seus atletas as melhores condições
possíveis e principalmente que se sintam bem em Ervidel. A evolução faz parte do
ser humano e nós, como é óbvio gostaríamos de ver o Alvorada crescer e
tornar-se um clube de referência, mas há um longo caminho a percorrer. Não são
situações que acontecem de um dia para o outro. É preciso trabalhar muito e é
preciso ajuda de muitas pessoas para isso acontecer.
Em relação ao trabalho do técnico Paulo Capela, como o avalia? Já
falou com ele com vista à renovação do contrato para o próximo ano?
O técnico Paulo Capela, como
pessoa e como treinador era uma pessoa totalmente desconhecida para mim, embora
já o conhecesse como jogador de futebol. Quando joguei no Mineiro Aljustrelense
já ouvia falar nele, assim como de outros nomes, nomeadamente o João Paulo, o
Nico, o Manelito (de Ervidel), o Barroso (que tantas saudades deixa), etc..
foram daqueles jogadores que serviram de referência aos mais novos.
É importante referir um ponto,
que não deve passar ao lado, na escolha do mister Paulo Capela para orientar a
equipa do Alvorada Futebol Clube: o Sr. Vitorino Cavaco. Foi ele que sondou o
mister, que com ele delineou a estrutura do futebol sénior para a presente
época. Esta escolha deve-se a ele, assim como parte do êxito que temos tido
este ano. Certo é, que este é um ponto entre vários, no momento de análise a
este êxito, mas acho que o crédito tem de ser dado a quem de direito.
Relativamente ao seu percurso
como treinador, é um percurso recente mas já com vários marcos importantes e de
destaque. Este ano, será certamente mais um no seu percurso. Como treinador, é
um treinador exigente, directo, ambicioso e com conhecimento de futebol,
certamente fruto de todos os anos que teve como jogador a nível profissional.
Tanto ele, como todos nós, vivemos e crescemos numa aprendizagem continua e ele
certamente irá crescer como treinador e irá tornar-se melhor com o passar dos
anos. Mas é inegável o bom trabalho que tem desenvolvido este ano.
Relativamente ao próximo ano,
ainda nada foi falado. Não é o momento certo para tal, mas como sempre digo, o
que esta bem é para manter, e a escolha dele como treinador parece-me a mais
acertada, por uma questão de continuidade. Mas para isso, ambas as partes terão
de estar acordo, mas será um tema para falar mais tarde.
O clube tem condições logísticas e financeiras para suportar uma
equipa a competir na 1ª divisão distrital?
Em termos logísticos, o clube teria
de adquirir muitas coisas, que neste momento não tem condições para tal,
nomeadamente: transportes, as infraestruturas no complexo desportivo teriam de
ser melhoradas a todos os níveis (balneários, o campo de futebol e a sua
envolvência, etc…).
Em termos financeiros, penso que
dificilmente será possível. Uma subida de divisão implicaria um suporte
financeiro muito avultado, e penso que o clube neste momento não tem condições
para tal. Se tal cenário se vier a verificar, teríamos de nos sentar e pensar
muito bem na decisão a tomar. Ver até onde podemos ir neste contexto.
Outro ponto importante, são as
pessoas que estão com o clube, aquelas que nos ajudam no dia-a-dia. São
precisas muitas mais. Existe muito trabalho que tem de ser feito, ao longo da
semana, não se resume apenas ao dia de jogo.
Tendo o Campo da Baiôa um piso de terra batida, será um entrave à
entrada de novos jogadores e como tal dar esse salto competitivo para a 1ª
divisão?
Certamente que termos um campo de
terra batida, será um entrave à entrada de novos jogadores. Partimos em
desvantagem neste ponto, comparativamente a outros clubes. Se tivéssemos um
relvado sintético, se tivéssemos melhores infraestruturas, certamente mais
jogadores quereriam vir para Ervidel, mas destes problemas mais clubes se devem
queixar, não somos só nós. Mas mesmo sem tudo isto, tentamos dentro das nossas
limitações, dar o que podemos aos atletas para que se sintam bem e que nada
lhes falte, para eles puderem desempenhar o seu papel da melhor forma.
Para quando um relvado sintético em Ervidel? Há algum compromisso
por parte da Câmara Municipal de Aljustrel?
Para quando um campo sintético em
Ervidel? Sinceramente não sei. Lembro-me de há uns tempos no blog do clube, no
dia 1 de Abril, terem colocado uma foto-montagem do nosso campo com relvado
sintético, mas mesmo sendo mentira, deixou-me encantado com tal cenário. Seria
muito bom para todos nós que tal fosse possível. Seria um investimento muito
avultado, e sem parcerias penso não ser possível. Mas sinceramente há coisas
mais importante neste momento para serem resolvidas.
Por parte da Câmara Municipal de
Aljustrel, não há qualquer compromisso para colocar relvado sintético no campo
da Baiôa. Seria bom a câmara ter condições para equipar os campos de futebol do
concelho com relvados sintéticos, mas penso que não é possível. À semelhança
dos clubes e do País, a Câmara Municipal certamente terá muitos problemas por
resolver. Penso que este tema não seja prioridade da Câmara Municipal, embora o
diga que recebemos muitas ajudas por parte desta entidade.
Quando gasta o Alvorada numa época desportiva, sabendo que tem os
planteis séniores, benjamins e traquinas, além da seção de cicloturismo?
Muito mesmo. Inscrição de equipas
nos respectivos campeonatos, as inspecções aos atletas, os gastos diários, o
transporte dos atletas, torneios, as exigências por parte da Associação de
Futebol de Beja, enfim… são muitos os gastos que o Alvorada tem, para manter
todos estes planteis a jogarem futebol. Até posso dizer, que possivelmente
somos dos poucos clubes que por enquanto, suporta todos os gastos obrigatórios
para a prática do futebol em todos estes escalões.
Quanto a secção de cicloturismo,
é uma secção que tem actividade mais reduzida mas também acarreta gastos, também
necessita de materiais necessários para o desenvolvimento das suas actividades.
Mas há semelhança do futebol, é algo que também necessita de muitas pessoas
para a realização das suas actividades. É uma secção que necessita de ser
desenvolvida e apostar nela.
Como podemos constactar, a união
de muitas pessoas é a base dum clube.
De onde vem esse dinheiro?
Todo este dinheiro vem dos
subsídios que a Câmara Municipal de Aljustrel atribui aos clubes, mediante as
actividades que estes têm, da contribuição que a Junta de Freguesia de Ervidel
também nos dá consoante as suas possibilidades, de eventos que o próprio clube
realiza e participa, e também de entidades privadas que generosamente, dos
poucos recursos que podem disponibilizar, nos ajudam com as publicidades no
início da época. Mas as exigências são muitas e ainda para mais quando se trata
de clubes de dimensões reduzidas, todas estas ajudas são fundamentais. É
difícil crescer de forma sustentada. Somos obrigados a ter muitos apoios.
A aposta no futebol jovem é para manter?
Sim, o futebol jovem é para manter.
Embora cada vez, seja mais difícil ter jovens para construir as equipas. Em
termos logísticos, exige muito de todas as pessoas que estão inseridas nos
clubes. Os clubes de futebol devem sustentar o seu futuro, no futebol jovem.
Fazê-los crescer, ensinar valores, que lhes podem servir para toda a sua vida.
Ensina-los a se esforçar para atingirem os seus objectivos e faze-los ver que
sem esforço nada se consegue. E claro, fazer com que eles cresçam de forma
saudável e felizes. Esperamos desta forma contribuir para o crescimento de
homens com valores, princípios e dar o nosso contributo a sociedade. Mas sim,
se tivermos possibilidade, gostaríamos de manter o futebol jovem.
Quando a formação passar à equipa de infantis, isto é futebol de
11, há jogadores em Ervidel para alimentarem
essa equipa?
Será muito muito difícil. Se para
termos equipas de 7 e de 5 jogadores, se torna difícil, equipas de 11
jogadores, ainda vai se mais difícil. Como sempre, teremos de recorrer às
localidades vizinhas para termos equipas.
Aos 33 anos acumula as funções de presidente da direção com as de
jogador. Espera jogar muitos mais anos?
Não, não espero jogar muito mais
tempo. Possivelmente, este será o meu último ano a jogar futebol. Já joguei o
que tinha a jogar e penso que não tenho mais nada a acrescentar dentro de
campo. Penso que serei mais útil fora dele. Gostaria de continuar, porque gosto
de jogar futebol mas, infelizmente vejo que não tenho condições para continuar
a este nível (isto é, se algum dia tive). É assim, como tudo na vida tem um
fim, penso que o meu no futebol chegou. Terei de olhar para os Veteranos de
outra forma (risos).
Como é trabalhar em prol do Alvorada de Ervidel?
É algo que me dá gosto e prazer.
É o clube da minha terra, é o meu clube. Trabalho para ele de forma gratuita.
Penso que seja a única forma de fazer crescer o clube, trabalhar de forma
gratuita. Por vezes torna-se difícil, falta pessoas para ajudar, falta termos
condições logísticas para dar resposta as exigências, falta dinheiro… Temos
ideias e sabemos o que temos de fazer para fazer crescer o clube mas falta
condições.
Mas isso por momentos consegue-se
esquecer, quando vemos a equipa sénior dar estas alegrias como tem dado, quando
vemos o campo da Baiôa cheio de gente, quando vemos a equipa de benjamins e
traquinas a jogar, a treinar, a nos darem alegrias e momentos de nostalgia,
quando vemos pessoas a pedalar com o emblema do Alvorada ao peito, quando vemos
dezenas de pessoas a se deslocarem a nossa localidade para participar nos eventos
de cicloturismo… tudo isto, chega para ver que vale a pena trabalhar para o
clube.
Uma última
palavra para os sócios, deixe-lhe uma mensagem.
Já no passado o pedi e volto a pedir aos sócios: ajudem da
forma que conseguirem, apoiem o clube, levantem a voz para o que achem não
estar bem, dêem a vossas ideias, façam o clube crescer, mas não fiquem no
silêncio. O clube está acima de tudo.
AFC, AFC, AFC… UNIDOS
grande entrevista presidente
ResponderEliminarponderada e com os pes assentes no chão, mas falta um pouco de âmbição.
mas vai no bom caminho, parabens
um abraço.