quinta-feira, 12 de março de 2015

Grande entrevista com o presidente

Paulo Alexandre Camacho Chaveiro tem 33 anos, é radiologista, natural e residente em Ervidel e é há um ano o presidente da direção do Alvorada Futebol Clube de Ervidel.


Senhor presidente, é inevitável não começarmos esta entrevista a falarmos sobre a equipa de futebol sénior. Quais são os reais objetivos da equipa para a presente época?
Os objectivos no início da época, passavam por construir uma equipa de futebol, que pudesse respeitar e honrar toda a historia do Alvorada Futebol Clube de Ervidel. Como em ocasiões anteriores referi, resolvemos fazer regressar o clube ao 2º escalão do futebol distrital. Não menosprezando o campeonato da Inatel, mas achámos que o futebol distrital seria mais justo para o clube e para a própria localidade de Ervidel.
Ao longo da época, os nossos objectivos tem vindo a ser redefinidos, mediante os resultados da equipa, e a nossa ambição tem vindo a crescer, mas temos mantido os pés bem assentes no chão e sempre com as nossas limitações em mente. Nesta fase em que nos encontramos, tudo pode acontecer. Já vimos que temos condições para lutar de igual para igual com as restantes equipas, mas como é óbvio, respeitamos todos os adversários de igual forma. 

De alguma forma está surpreendido com o bom desempenho alcançado até ao momento?
Completamente… Fui o primeiro a dizer, que tinha receio de jogadores tão novos, irem disputar o campeonato da 2ª divisão (embora alguns já tivessem disputado campeonatos de escalões superiores), isto porque iriam encontrar jogadores com muita experiência no mundo do futebol. Temos jogadores muito novos, mas…  ao longo destes meses, esses mesmos jogadores tem demonstrado que estava redondamente errado na minha primeira análise. Não precisei muito para o constatar. Logo no início, mais propriamente no torneio de Monchique, a equipa deu uma demonstração do seu real valor. A partir daí, mudei de opinião e reconheci o quanto errado estava, e está a vista de todos, o valor destes jovens jogadores. São jogadores que na sua maioria não os conhecia, e ai tenho de dar os parabéns ao Mister Paulo Capela, pela escolha de muitos dos jogadores que convenceu a virem jogar para Ervidel.

Estava nas vossas cogitações a disputa da 2ª fase do campeonato?
Os nossos objectivos seriam sempre fazer um campeonato tranquilo, digno mas sempre com a ambição dos lugares cimeiros. Se este momento estava em nossa mente? De certa forma estaria, embora soubéssemos que seria muito difícil de alcançar. Mas felizmente, e com o esforço de todos, temos conseguido atingir os objectivos. Fica só um sabor amargo, se assim o pudermos apelidar, do jogo da taça distrital, em que sentimos que poderíamos ter seguido em frente.
Ninguém se iluda, que foi fácil, que foi um passeio durante a 1ª fase do campeonato. Muito pelo contrário. Defrontamos equipas com muito valor, umas mais jovens, outras com jogadores mais experientes, mas foi difícil chegarmos onde chegamos.

Nota-se que o plantel é muito jovem, será este grupo de atletas uma aposta para o futuro?
Sinceramente penso que sim. Estes jovens deveriam jogar juntos por muitos anos. Formam um grupo fortíssimo, muito unidos e nos momentos em que têm de dar uma resposta, lá estão eles, unidos e a remar todos no mesmo sentido. Embora muitos jovens, demonstram uma maturidade enorme. Este grupo, com mais uns ajustes, tem condições para deixar marca no futebol distrital.
Gostaria de deixar aqui, o meu reconhecimento e agradecimento, a todos os atletas que ainda constituem o plantel, e mesmo aqueles que já não fazem parte dele, por todo o esforço e dedicação que têm dado ao clube e honrado o bom nome do Alvorada Futebol Clube. Muito obrigado a todos…

Sendo a maioria dos jogadores oriundos de Aljustrel não teme que alguns regressem ao Mineiro Aljustrelense na próxima época, caso esta equipa volte aos campeonatos distritais?
Não posso mentir e dizer, que não se tenha receio desse cenário, se vier a tornar uma realidade. Mas, primeiro que tudo, espero que o Mineiro Aljustrelense se mantenha no escalão em que está inserido e se possível para a próxima época dar o salto para uma divisão superior. Quer se queira, quer não, o Mineiro Aljustrelense, neste momento é o clube com maior progressão a nível distrital, e com um historial muito rico a nível de conquistas, e qualquer jogador quer o melhor para si. Neste momento é o melhor clube a nível distrital.
O Alvorada Futebol Clube de Ervidel, por seu turno, tem como base a humildade e o querer, como sempre teve, de ambicionar um futuro melhor, dar aos seus atletas as melhores condições possíveis e principalmente que se sintam bem em Ervidel. A evolução faz parte do ser humano e nós, como é óbvio gostaríamos de ver o Alvorada crescer e tornar-se um clube de referência, mas há um longo caminho a percorrer. Não são situações que acontecem de um dia para o outro. É preciso trabalhar muito e é preciso ajuda de muitas pessoas para isso acontecer. 

Em relação ao trabalho do técnico Paulo Capela, como o avalia? Já falou com ele com vista à renovação do contrato para o próximo ano?
O técnico Paulo Capela, como pessoa e como treinador era uma pessoa totalmente desconhecida para mim, embora já o conhecesse como jogador de futebol. Quando joguei no Mineiro Aljustrelense já ouvia falar nele, assim como de outros nomes, nomeadamente o João Paulo, o Nico, o Manelito (de Ervidel), o Barroso (que tantas saudades deixa), etc.. foram daqueles jogadores que serviram de referência aos mais novos.
É importante referir um ponto, que não deve passar ao lado, na escolha do mister Paulo Capela para orientar a equipa do Alvorada Futebol Clube: o Sr. Vitorino Cavaco. Foi ele que sondou o mister, que com ele delineou a estrutura do futebol sénior para a presente época. Esta escolha deve-se a ele, assim como parte do êxito que temos tido este ano. Certo é, que este é um ponto entre vários, no momento de análise a este êxito, mas acho que o crédito tem de ser dado a quem de direito.
Relativamente ao seu percurso como treinador, é um percurso recente mas já com vários marcos importantes e de destaque. Este ano, será certamente mais um no seu percurso. Como treinador, é um treinador exigente, directo, ambicioso e com conhecimento de futebol, certamente fruto de todos os anos que teve como jogador a nível profissional. Tanto ele, como todos nós, vivemos e crescemos numa aprendizagem continua e ele certamente irá crescer como treinador e irá tornar-se melhor com o passar dos anos. Mas é inegável o bom trabalho que tem desenvolvido este ano.
Relativamente ao próximo ano, ainda nada foi falado. Não é o momento certo para tal, mas como sempre digo, o que esta bem é para manter, e a escolha dele como treinador parece-me a mais acertada, por uma questão de continuidade. Mas para isso, ambas as partes terão de estar acordo, mas será um tema para falar mais tarde.


O clube tem condições logísticas e financeiras para suportar uma equipa a competir na 1ª divisão distrital? 
Em termos logísticos, o clube teria de adquirir muitas coisas, que neste momento não tem condições para tal, nomeadamente: transportes, as infraestruturas no complexo desportivo teriam de ser melhoradas a todos os níveis (balneários, o campo de futebol e a sua envolvência, etc…).
Em termos financeiros, penso que dificilmente será possível. Uma subida de divisão implicaria um suporte financeiro muito avultado, e penso que o clube neste momento não tem condições para tal. Se tal cenário se vier a verificar, teríamos de nos sentar e pensar muito bem na decisão a tomar. Ver até onde podemos ir neste contexto.
Outro ponto importante, são as pessoas que estão com o clube, aquelas que nos ajudam no dia-a-dia. São precisas muitas mais. Existe muito trabalho que tem de ser feito, ao longo da semana, não se resume apenas ao dia de jogo. 

Tendo o Campo da Baiôa um piso de terra batida, será um entrave à entrada de novos jogadores e como tal dar esse salto competitivo para a 1ª divisão?
Certamente que termos um campo de terra batida, será um entrave à entrada de novos jogadores. Partimos em desvantagem neste ponto, comparativamente a outros clubes. Se tivéssemos um relvado sintético, se tivéssemos melhores infraestruturas, certamente mais jogadores quereriam vir para Ervidel, mas destes problemas mais clubes se devem queixar, não somos só nós. Mas mesmo sem tudo isto, tentamos dentro das nossas limitações, dar o que podemos aos atletas para que se sintam bem e que nada lhes falte, para eles puderem desempenhar o seu papel da melhor forma.

Para quando um relvado sintético em Ervidel? Há algum compromisso por parte da Câmara Municipal de Aljustrel?
Para quando um campo sintético em Ervidel? Sinceramente não sei. Lembro-me de há uns tempos no blog do clube, no dia 1 de Abril, terem colocado uma foto-montagem do nosso campo com relvado sintético, mas mesmo sendo mentira, deixou-me encantado com tal cenário. Seria muito bom para todos nós que tal fosse possível. Seria um investimento muito avultado, e sem parcerias penso não ser possível. Mas sinceramente há coisas mais importante neste momento para serem resolvidas.
Por parte da Câmara Municipal de Aljustrel, não há qualquer compromisso para colocar relvado sintético no campo da Baiôa. Seria bom a câmara ter condições para equipar os campos de futebol do concelho com relvados sintéticos, mas penso que não é possível. À semelhança dos clubes e do País, a Câmara Municipal certamente terá muitos problemas por resolver. Penso que este tema não seja prioridade da Câmara Municipal, embora o diga que recebemos muitas ajudas por parte desta entidade.

Quando gasta o Alvorada numa época desportiva, sabendo que tem os planteis séniores, benjamins e traquinas, além da seção de cicloturismo?
Muito mesmo. Inscrição de equipas nos respectivos campeonatos, as inspecções aos atletas, os gastos diários, o transporte dos atletas, torneios, as exigências por parte da Associação de Futebol de Beja, enfim… são muitos os gastos que o Alvorada tem, para manter todos estes planteis a jogarem futebol. Até posso dizer, que possivelmente somos dos poucos clubes que por enquanto, suporta todos os gastos obrigatórios para a prática do futebol em todos estes escalões.
Quanto a secção de cicloturismo, é uma secção que tem actividade mais reduzida mas também acarreta gastos, também necessita de materiais necessários para o desenvolvimento das suas actividades. Mas há semelhança do futebol, é algo que também necessita de muitas pessoas para a realização das suas actividades. É uma secção que necessita de ser desenvolvida e apostar nela.
Como podemos constactar, a união de muitas pessoas é a base dum clube.

De onde vem esse dinheiro?
Todo este dinheiro vem dos subsídios que a Câmara Municipal de Aljustrel atribui aos clubes, mediante as actividades que estes têm, da contribuição que a Junta de Freguesia de Ervidel também nos dá consoante as suas possibilidades, de eventos que o próprio clube realiza e participa, e também de entidades privadas que generosamente, dos poucos recursos que podem disponibilizar, nos ajudam com as publicidades no início da época. Mas as exigências são muitas e ainda para mais quando se trata de clubes de dimensões reduzidas, todas estas ajudas são fundamentais. É difícil crescer de forma sustentada. Somos obrigados a ter muitos apoios.

A aposta no futebol jovem é para manter?
Sim, o futebol jovem é para manter. Embora cada vez, seja mais difícil ter jovens para construir as equipas. Em termos logísticos, exige muito de todas as pessoas que estão inseridas nos clubes. Os clubes de futebol devem sustentar o seu futuro, no futebol jovem. Fazê-los crescer, ensinar valores, que lhes podem servir para toda a sua vida. Ensina-los a se esforçar para atingirem os seus objectivos e faze-los ver que sem esforço nada se consegue. E claro, fazer com que eles cresçam de forma saudável e felizes. Esperamos desta forma contribuir para o crescimento de homens com valores, princípios e dar o nosso contributo a sociedade. Mas sim, se tivermos possibilidade, gostaríamos de manter o futebol jovem.

Quando a formação passar à equipa de infantis, isto é futebol de 11, há jogadores em Ervidel para alimentarem essa equipa?
Será muito muito difícil. Se para termos equipas de 7 e de 5 jogadores, se torna difícil, equipas de 11 jogadores, ainda vai se mais difícil. Como sempre, teremos de recorrer às localidades vizinhas para termos equipas.

Aos 33 anos acumula as funções de presidente da direção com as de jogador. Espera jogar muitos mais anos?
Não, não espero jogar muito mais tempo. Possivelmente, este será o meu último ano a jogar futebol. Já joguei o que tinha a jogar e penso que não tenho mais nada a acrescentar dentro de campo. Penso que serei mais útil fora dele. Gostaria de continuar, porque gosto de jogar futebol mas, infelizmente vejo que não tenho condições para continuar a este nível (isto é, se algum dia tive). É assim, como tudo na vida tem um fim, penso que o meu no futebol chegou. Terei de olhar para os Veteranos de outra forma (risos).

Como é trabalhar em prol do Alvorada de Ervidel?
É algo que me dá gosto e prazer. É o clube da minha terra, é o meu clube. Trabalho para ele de forma gratuita. Penso que seja a única forma de fazer crescer o clube, trabalhar de forma gratuita. Por vezes torna-se difícil, falta pessoas para ajudar, falta termos condições logísticas para dar resposta as exigências, falta dinheiro… Temos ideias e sabemos o que temos de fazer para fazer crescer o clube mas falta condições.
Mas isso por momentos consegue-se esquecer, quando vemos a equipa sénior dar estas alegrias como tem dado, quando vemos o campo da Baiôa cheio de gente, quando vemos a equipa de benjamins e traquinas a jogar, a treinar, a nos darem alegrias e momentos de nostalgia, quando vemos pessoas a pedalar com o emblema do Alvorada ao peito, quando vemos dezenas de pessoas a se deslocarem a nossa localidade para participar nos eventos de cicloturismo… tudo isto, chega para ver que vale a pena trabalhar para o clube.

Uma última palavra para os sócios, deixe-lhe uma mensagem.
Já no passado o pedi e volto a pedir aos sócios: ajudem da forma que conseguirem, apoiem o clube, levantem a voz para o que achem não estar bem, dêem a vossas ideias, façam o clube crescer, mas não fiquem no silêncio. O clube está acima de tudo. 

AFC, AFC, AFC… UNIDOS

1 comentário:

  1. grande entrevista presidente

    ponderada e com os pes assentes no chão, mas falta um pouco de âmbição.

    mas vai no bom caminho, parabens

    um abraço.

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